Raízes.

Como quem não quer nada, aproximou-se de mim, então apoderou-se de todo o meu ser, de todo o meu sentimento, de toda a minha razão, a minha luxúria. E devagar foi se afastando, como quem não quer ir, mas na verdade era por que não queria machucar-me tanto. E então foi errando, errando cada vez mais. Enterrando meus sentimentos roubados, pouco a pouco, e eles foram dando frutos. Mas você não interessou-se por esses frutos. Encantou-se com outras árvores, e foi simplesmente me abandonando. Depois que os sentimentos transformaram-se em enormes e frutíferas árvores, você já não estava mais nem aqui. Nem mesmo seus olhos escuros e alegres, que eram os que faziam elas crescerem.
Hoje eu só peço pra que essa árvore seque logo de uma vez. Por que sempre quando ela está quase morrendo você aparece, e dá vida novamente à ela. E depois se vai mais uma vez. A deixando aqui, acreditando realmente que tem o dever de estar viva.